JOAN MIRÓ

JOAN MIRÓ
JOAN MIRÓ

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

GENOCÍDIO : ottogribel.blogspot.com

Eu sou capaz de matar, de roubar, de furtar, de estuprar, enfim, de cometer qualquer crime, mesmo genocídios, parricídio.Sou matricida, matei minha mãe no ventre.
Eu sou um perigo, sou perigoso demais, por isso faço leis, instituí amarras que evitem que eu destrua os demais seres humanos , mormente aqueles que estão mais próximos de mim. Sou a besta do apocalipse, a fera da selva embuçada sob a capa de um corpo humano pronta a emboscar qualquer um na esquina, na calada a noite, quando urra o lobisomem para a lua enamorada passeando pelos olhares. Sou os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, todos os quatro sou eu, que os descrevi e, destarte, pus os quatro sobre seus cavalos num galope sob lua e sol torrencial dos trópicos. Eu os descrevi em quatro, os fiz viver soprando sobre os signos com que os descrevi e os levantei, tal qual Moisés fez à serpente no deserto.
Outrossim, sou aquele que descrevi o ser de quatro faces, uma de cada lado, olhando e demarcando os pontos cardeais : note, sul, este, oeste, navegando nos ventos tempestuosos da Rosa dos Ventos, a linha rósea. As quatro faces são : a face do leão, também em Gizé, na esfinge; a face de touro, a face de águia e a face humana, que é a minha face por fora, virada ao visível do mundo; contudo, para dentro estão reviradas as três faces : duas de raptores, uma de touro, a expressão de Asterion.
Sou Jacó, o das escadas, nas quais desciam e subiam anjos meus, todos meus lacaios: anjos, arcanjos, querubins. Sou também Jacob do Bandolim. Sou, enfim, o homem, o homem que estava vestido de Jacó, em pele de Jacó, que depois de lutar contra deuses e homens ( de lutar com Deus e homens e prevalecer, sobranceiro), fui denominado num novo batismo de signos de Israel, de onde adveio uma nação poderosa, povo de Javé, sempre porfiando e vencendo os adversários e adversidades, mesmo durante a diáspora.
Sou o homem, o ser do homem que foi Jesus cristo, Maomé, São francisco de Assis, em outra carne, sobre a qual agasalhei meu ser, que, como a espécie e a primavera, ressuscita em cada homem que tenha o mesmo ser, o mesmo olho que tudo vê no mundo
e na sociedade de feras amansadas, domesticadas com o chicote ou a púrpura do dinheiro, que o veste de rei ou mendigo, de São Francisco de Assis ao Rei Lear suscitado pelos olhos que lêem nos signos onde Shakespeare deixou sua alma encoberta, sob a capa do tempo, protegida das intempéries e da morte em galope.

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